segunda-feira, 21 de novembro de 2016

LUGAR DE MULHER É ONDE ELA QUISER - Ana Emilia I.B.Sotero


*Ana Emilia Iponema Brasil Sotero

Desde o início da civilização a mulher, ocupou um papel de subordinação e opressão, era tida como um mero objeto. Enquanto solteira, era posse de seu pai, ao casar-se, tornava propriedade de seu marido. Sempre foi vista como um ser humano sem valor, com liberdade restrita, direitos suprimidos, anulados ou ignorados. Culturalmente, em todos os lugares do mundo, a mulher sempre foi inferior ao homem e considerada o sexo mais frágil. Criada para casar, cuidar do marido, filhos e filhas e se dedicar aos afazeres do lar. A história hoje é outra. E a mulher com o decorrer dos séculos foi conquistando seu espaço e percebendo o seu valor e a sua capacidade. A máxima de que “lugar de mulher é atrás do fogão” ou “na beira do tanque”, está ultrapassada. Após anos de luta, a mulher vem conquistando seu espaço com muita dificuldade e reiteradas reivindicações. São décadas em busca por igualdade de direitos, tanto nas cidades, como no campo, elas estão mostrando cada vez mais que são capazes de realizar as mesmas atividades que os homens. A mulher brasileira é peça fundamental na sociedade e não mais vista como se só servisse para o lar, é além de esposa e mãe, executiva, médica, engenheira, advogada, parlamentar, motorista de ônibus, taxi e máquinas agrícolas, trabalha na construção civil, é comandante de aeronave, policial militar e das forças armadas, profissões que até poucos anos eram predominantemente masculinas, dessa maneira se expõe mais e investe em capacitação. A sociedade machista e patriarcal de décadas atrás está se modificando e gerações com novas ideias estão surgindo. Atualmente, homens e mulheres dividem o orçamento e os fazeres domésticos, bem como a educação e o cuidado com filhas e filhos.
Segundo o Relatório de Desenvolvimento Humano do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, o Brasil ocupa a 85ª posição em desenvolvimento humano e desigualdade de gênero.
Na última década, o país alcançou importantes conquistas em relação à promoção da igualdade de gênero e empoderamento das mulheres.
Em 2003, foi criada a Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, a promulgação da Lei Maria da Penha, em 2006, colocou o país na vanguarda mundial.
Em 2015 comemoramos o aniversário dos 83 anos do direito de voto feminino, que desde sua conquista em 1932, as mulheres brasileiras obtiveram diversas vitórias: e os gênero nos rendimentos totais, são destaque em várias modalidades esportivas, destacamos o vôlei e o futebol.
Na vida política parlamentar as mulheres brasileiras estão praticamente sem avanço e perdendo posição em relação ao resto do mundo. O Brasil continua a ocupar o 121º lugar no ranking de participação das mulheres na política, ocupando 9% dos assentos no Congresso Nacional.
Elas ocupam apenas 10% das prefeituras, apesar do cumprimento da Lei de Cotas (30%) obtido primeira vez nas eleições municipais de 2012.
O problema da desigualdade de gênero na política não pode ser imputado ao eleitorado, apesar de ser cultural que “mulher não vota em mulher”, e essa mentalidade precisa mudar, mas a razão maior está nos partidos políticos que não conseguem abandonar suas práticas machista e patriarcal.
Sabemos que a principal barreira da participação feminina está na máquina partidária, no processo de definição das listas eleitorais e de organização das campanhas.
E para que haja o aumento da participação feminina na política brasileira é preciso alterar a participação das mulheres na estrutura de poder dos partidos políticos.
Existe atualmente cinco Estados que não tem representação parlamentar feminina, são eles: Alagoas, Espirito Santo, Paraíba, Sergipe e Mato Grosso, a participação da mulher é fundamental para o desenvolvimento deste país com justiça e igualdade para o povo brasileiro.
Reafirmando a importante contribuição da mulher vemos hoje, 38% dos lares brasileiros liderados por ela. Podemos afirmar que a tão sonhada igualdade de gêneros está paulatinamente acontecendo, e a sociedade brasileira vem mudando com esses avanços da mulher, e sua efetiva presença tem sido importante para essa mudança e transformação, então... LUGAR DE MULHER É ONDE ELA QUISER!!!

*Professora, advogada, palestrante, doutoranda em Ciências Jurídicas e Ciências Sociais

Óleo sobre Tela  Gilda Portella


Óleo sobre Tela  Gilda Portella

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

A Mulher Negra - Francielle Costacurta


 Óleo sobre Tela: Gilda Portella
Óleo sobre Tela: Gilda Portella

Óleo sobre Tela: Gilda Portella
Texto: Francielle Costacurta
Foto: João Almeida

segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Pérolas Negras, Mulheres Negras

Silva, Silviane Ramos Lopes  da. Livro Pérolas Negras: as mulheres de Vila Bela na luta pela afirmação da identidade étnica, 1970-2000. Cuiabá - Edicão do autor; /Defanti, 2016- pg 15
TERESA III, Tela Giz Pastel de Gilda Portela


Criação de Gilda Portella

domingo, 6 de novembro de 2016

MILONGA DO PRETO VELHO - Oliveira Silveira



 MILONGA DO PRETO VELHO

Mão resvalando nas cordas
marca de antigas algemas
voz deslizando na roda
alforria de outras penas.

Pé batucando o compasso
Marca de antigos grilhões
planger de cor das de aço
na senzala dos galpões.

Nos ombros acorcundados
peso de fardos antigos
viola ao braço aconchegada
milonga –regaço amigo.

Mão de empurrar o arado
mesma voz de amansar boi
lembrança de carreteadas
num tempo que já se foi.

Mãos que fizeram as cercas
de pedra e longa amargura
palavras que foram reza
mesma voz das benzeduras.

Mão retinta como o barro
amassado na cruzeta
pele enrugada de charque
vida - sal e sol e vento.

Saudoso de velhas danças
o pé nas rotas chinelas
e um biajazo de lança
escondido nas costelas.

No braço da viola um mastro
no bojo, escuro porão
voz azul de fundas ondas
embalando a embarcação.

Livro Pelo escuro poemas afro- gaúchos, 1977

Óleo sobre Tela de Gilda Portella

Óleo sobre Tela de Gilda Portella

Óleo sobre Tela de Gilda Portella

Cianotipia de Gilda Portella


sábado, 5 de novembro de 2016

Eu e o Não Eu - Ele Semong

Eu e o Não Eu 

Eu nessa minha parcimônia,
vestida com escancarada elegância,
jamais hei de ocultar tão evidentes,
a tribo, o atabaque, o axé,
o orixá, o ori, o ancestral.

Eu e a minha carapinha cheia de bochicho,
minha erva de guiné, minha aroeira,
meu samba no pé e outras literaturas.

Eu nessa parcimônia vestida com toda a vida
e seus acontecimentos,
nem só por um momento quero me perder dessa cor.
O não eu, o outro. Tão fino, tão delicado,
chega a me deixar tonto, encabulado,
com seu vampirismo, seus diabos, suas taras...

Tão racional e exótico nas cerimônias,
esse outro, estranho outro,
faz buracos no céu da Terra,
sente prazer, se lambuza com as guerras,
pensa que respirar é um estorvo,
prende os gestos ao corpo, e berra, e berra, e berra.


Tudo por falta de melanina.

Fonte: http://elesemog.com.br/a/index.php/poemas/742-racismo



Óleo sobre Tela de Gilda Portella

Óleo sobre Tela de Gilda Portella
Óleo sobre Tela de Gilda Portella




Óleo sobre Tela de Gilda Portella

Óleo sobre Tela de Gilda Portella

Óleo sobre Tela de Gilda Portella
Óleo sobre Tela de Gilda Portella












Encontrei minhas origens



Encontrei minhas origens- Oliveira Silveira 



Óleo sobre Tela de Gilda Portella

Encontrei minhas origens
Em velhos arquivos
Livros


Encontrei
Em malditos objetos
Troncos e grilhetas


Encontrei minhas origens
No leste
No mar em imundos tumbeiros


Encontrei
Em doces palavras
Cantos


Em furiosos tambores
Ritos


Encontrei minhas origens
Na cor da minha pele
Nos lanhos de minha alma


Em mim
Em minha gente escura
Em meus heróis altivos
Encontrei
Encontrei-as, enfim
Me encontrei








Fonte: Livro Roteiros dosTantãs, 1981