*Ana Emilia Iponema Brasil Sotero
Desde o início da civilização a mulher, ocupou um papel de subordinação e opressão, era tida como um mero objeto. Enquanto solteira, era posse de seu pai, ao casar-se, tornava propriedade de seu marido. Sempre foi vista como um ser humano sem valor, com liberdade restrita, direitos suprimidos, anulados ou ignorados. Culturalmente, em todos os lugares do mundo, a mulher sempre foi inferior ao homem e considerada o sexo mais frágil. Criada para casar, cuidar do marido, filhos e filhas e se dedicar aos afazeres do lar. A história hoje é outra. E a mulher com o decorrer dos séculos foi conquistando seu espaço e percebendo o seu valor e a sua capacidade. A máxima de que “lugar de mulher é atrás do fogão” ou “na beira do tanque”, está ultrapassada. Após anos de luta, a mulher vem conquistando seu espaço com muita dificuldade e reiteradas reivindicações. São décadas em busca por igualdade de direitos, tanto nas cidades, como no campo, elas estão mostrando cada vez mais que são capazes de realizar as mesmas atividades que os homens. A mulher brasileira é peça fundamental na sociedade e não mais vista como se só servisse para o lar, é além de esposa e mãe, executiva, médica, engenheira, advogada, parlamentar, motorista de ônibus, taxi e máquinas agrícolas, trabalha na construção civil, é comandante de aeronave, policial militar e das forças armadas, profissões que até poucos anos eram predominantemente masculinas, dessa maneira se expõe mais e investe em capacitação. A sociedade machista e patriarcal de décadas atrás está se modificando e gerações com novas ideias estão surgindo. Atualmente, homens e mulheres dividem o orçamento e os fazeres domésticos, bem como a educação e o cuidado com filhas e filhos.
Segundo o Relatório de Desenvolvimento Humano do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, o Brasil ocupa a 85ª posição em desenvolvimento humano e desigualdade de gênero.
Na última década, o país alcançou importantes conquistas em relação à promoção da igualdade de gênero e empoderamento das mulheres.
Em 2003, foi criada a Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, a promulgação da Lei Maria da Penha, em 2006, colocou o país na vanguarda mundial.
Em 2015 comemoramos o aniversário dos 83 anos do direito de voto feminino, que desde sua conquista em 1932, as mulheres brasileiras obtiveram diversas vitórias: e os gênero nos rendimentos totais, são destaque em várias modalidades esportivas, destacamos o vôlei e o futebol.
Na vida política parlamentar as mulheres brasileiras estão praticamente sem avanço e perdendo posição em relação ao resto do mundo. O Brasil continua a ocupar o 121º lugar no ranking de participação das mulheres na política, ocupando 9% dos assentos no Congresso Nacional.
Elas ocupam apenas 10% das prefeituras, apesar do cumprimento da Lei de Cotas (30%) obtido primeira vez nas eleições municipais de 2012.
O problema da desigualdade de gênero na política não pode ser imputado ao eleitorado, apesar de ser cultural que “mulher não vota em mulher”, e essa mentalidade precisa mudar, mas a razão maior está nos partidos políticos que não conseguem abandonar suas práticas machista e patriarcal.
Sabemos que a principal barreira da participação feminina está na máquina partidária, no processo de definição das listas eleitorais e de organização das campanhas.
E para que haja o aumento da participação feminina na política brasileira é preciso alterar a participação das mulheres na estrutura de poder dos partidos políticos.
Existe atualmente cinco Estados que não tem representação parlamentar feminina, são eles: Alagoas, Espirito Santo, Paraíba, Sergipe e Mato Grosso, a participação da mulher é fundamental para o desenvolvimento deste país com justiça e igualdade para o povo brasileiro.
Reafirmando a importante contribuição da mulher vemos hoje, 38% dos lares brasileiros liderados por ela. Podemos afirmar que a tão sonhada igualdade de gêneros está paulatinamente acontecendo, e a sociedade brasileira vem mudando com esses avanços da mulher, e sua efetiva presença tem sido importante para essa mudança e transformação, então... LUGAR DE MULHER É ONDE ELA QUISER!!!
*Professora, advogada, palestrante, doutoranda em Ciências Jurídicas e Ciências Sociais
Óleo sobre Tela Gilda Portella |
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