IEMANJÁ
Odô Iyá Yemanjá
Ataramagbá
ajejê lodo, ajejê
nilê!
Iemanjá era a filha de Olokum, a deusa do mar.
Em Ifé, ela tornou-se a esposa de Olofin-Odudua, com o
qual teve dez filhos.
Essas crianças receberam nomes simbólicos e todos
tornaram-se orixás.
Um deles foi chamado Oxumarê, o Arco-íris,
‘’aquele-que-se-desloca-com-a-chuva-e-revela-seus-segredos.’’
De tanto amamentar seus filhos, os seios de Iemanjá
tornaram-se imensos.
Cansada da sua estadia em Ifé, Iemanjá fugiu na direção
do ‘’entardecer-da-terra’’,
Como os iorubas designam o Oeste, chegando a Abeocutá.
Ao norte de Abeocutá, vivia Okerê, rei de Xaki.
Iemanjá continuava muito bonita.
Okerê desejou-a e propôs-lhe casamento.
Iemanjá aceitou-se, mas, impondo uma condição, disse-lhe:
-jamais você ridicularizará da imensidão dos meus seios.
Okerê, gentil e polido, tratava Iemanjá com consideração
e respeito.
Mas, um dia, ele bebeu vinho de palma em excesso.
Voltou para casa bêbado e titubeante.
Ele não sabia mais o que fazia.
Ele não sabia o que dizia.
Tropeçando em Iemanjá, ela o chamou de bêbado e
imprestável .
Okerê, vexado, gritou:
- Você, com seus seios compridos e balançantes!
Você, com seus seios grandes e trêmulos!
Iemanjá, ofendida, fugiu em disparada.
Certa vez, antes do seu primeiro casamento,
Iemanjá receberá de sua mãe, Olokum,
Uma garrafa contendo uma poção mágica, pois, dissera-lhe
esta:
-Nunca se sabe o que pode acontecer amanhã.
Em caso de necessidade, quebre a garrafa, jogando-a no
chão.
Em sua fuga, Iemanjá tropeçou e caiu.
A garrafa quebrou-se e dela nasceu um rio.
As águas tumultuadas desse rio levaram Iemanjá na direção
do oceano,
residência de sua
mãe Olokum.
Okerê, contrariado, queria impedir a fuga de sua mulher.
Querendo barrar-lhe o caminho, ele transformou-se numa
colina,
chamada, ainda hoje, Okerê, e colocou-se no seu caminho.
Iemanjá quis ir passar pela direita, Okerê deslocou-se
para a direita.
Iemanjá quis ir passar pela esquerda, Okerê deslocou-se
para a esquerda.
Iemanjá, vendo assim bloqueado seu caminho para a casa
materna,
chamou Xangô, o mais poderoso dos seus filhos.
Kawo
Kabiyesi Sango, Kawo Kabiyesi Obá Kossô!
Saudemos o Rei Xangô, saudemos o Rei de
Kossô!
Xangô veio com dignidade e seguro do seu poder.
Ele pediu uma oferenda de um carneiro e quatro galos, um
prato de amalá, preparado
com farinha de inhame, e um prato de gbeguiri, feito com feijão e cebola.
E declarou que no
dia seguinte Iemanjá encontraria por onde passar.
Nesse dia, Xangô desfez todos os nós que prendiam as amarras da chuva.
Começaram a aparecer nuvens dos lados da manha e da tarde
do dia.
Começaram a aparecer nuvens da direita e da esquerda do
dia.
Quando todas elas estavam reunidas, chegou Xangô com seu
raio.
Ouviu-se então : Kakara rá rá rá...
Ele havia lançado seu raio sobre a colina Okerê.
Ela abriu-se em duas e, suichchchch...
Iemanjá foi-se para o mar de sua mãe Olokum.
Aí ficou e recusa-se, desde então, a voltar em terra.
Seus filhos chamam-na e saúdm-na:
Odô Iyá, a Mãe do
rio, ela não volta mais.
Iemanjá, a rainha
das águas, que usa roupas cobertas de pérolas.
Ela tem filhos no mundo inteiro.
Iemanjá está em todo lugar aonde o mar vem bater-se com
suas ondas espumantes.
Seus filhos fazem oferendas para acalmá-la e agradá-la.
Odô Iyá Yemanjá
Ataramagbá
ajejê lodo, ajejê
nilê!
Mãe das aguas,
iemanjá, que se estendeu ao longe, na amplidão.
Paz nas águas! Paz
na casa!
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