UM
ARCO-ÍRES DE PROSPERIDADE
Ouro
cobre o espelho esmeralda. No berço esplêndido a floresta em calda manjedoura
d'alma Labarágua, sete queda em chama Cobra de ferro, oxum-maré, homem e mulher
na cama.
JOÃO
BOSCO. Nação (Musica de 1982).
Uma serpente que abocanha o próprio rabo, um círculo que se
encaminha de um lado para outro da realidade. Oxumaré é um Orixá. O filho
preferido de Nanã, velha feiticeira, representada pela água parada e pantanosa
da ancestralidade humana. Seus mistérios, ligados à morte e ao renascimento,
marcam muito bem essa característica circular, de uma força que se move em
direção à renovação e a comunhão, uma existência com aquilo que ela ainda não
é, mas que vai se tornar.
Oxumaré, dono do pote de ouro no final do arco-íris, adepto
das mudanças periódicas, apresenta e reflete situações de altos e baixos... mas
como força de transformação, seu movimento é ágil e astuto, próprio das
serpentes, que do sensual ao hipnótico, guarda uma beleza terrível, quase
inconquistável.
Se uma parte do ano ele é um poço, profundo de subjetividade
e solidão, noutra parte é arco-íris que se expande das raízes mais profundas e
sombrias até o céu e ao infinito, explodindo em sete cores os resíduos de uma
imersão profunda no inconsciente da nossa alma. Oxumaré, Homem-Mulher.
AXÉ
Anderson Domingos da Silva
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